Confiança nas instituições brasileiras: estabilidade com níveis de oscilações em 2024
Publicado em: 26 de jul de 2024 às 07:39
Segundo pesquisa do IDDC-INCT, as igrejas se mantêm na liderança, enquanto os partidos políticos figuram no fim da lista
Em 2024, o índice de confiança nas principais instituições brasileiras apresentou pouca variação em relação ao ano anterior, de acordo com a nova edição da pesquisa “A Cara da Democracia”, realizada pelo Instituto da Democracia (IDDC-INCT) e divulgada na segunda-feira (22/7). Entre as instituições avaliadas, as igrejas se consolidam na liderança, com 77% de confiança da população em diferentes graus, sendo que 39% afirmam “confiar muito”. Por outro lado, os partidos políticos continuam na lanterna, com apenas 5% dos brasileiros depositando alta confiança nas legendas, enquanto 45% definindo “mais ou menos” ou “pouco”.
Congresso Nacional: desconfiança em queda, mas ainda em níveis consideráveis
O Congresso Nacional experimentou um movimento semelhante à contribuição nas instituições como um todo. A parcela da população que declara não confiar no Legislativo caiu de 58% para 41% nos últimos seis anos. Apesar dessa melhoria, é importante ressaltar que esse índice já foi menor nos anos recentes, alcançando 38% em setembro de 2022. Desde então, a desconfiança apresentou oscilação, diminuindo uma tendência de alta, ainda que tímida.
Forças Armadas: retomada gradual da confiança após queda em 2023
Em contraste com a tendência geral de estabilidade, a confiança nas Forças Armadas apresentou uma variação positiva. O indicador, que vinha registrando quedas consecutivas nos últimos anos, em parte devido à associação do Exército, Marinha e Aeronáutica ao governo de Jair Bolsonaro (PL), passou de 20% em 2023 para 22% em 2024, ainda que dentro da margem de erro.
Supremo Tribunal Federal: confiança oscila em meio a ataques e embates
O Supremo Tribunal Federal (STF), que também sofreu queda na confiança durante o governo Bolsonaro, em decorrência de ataques do ex-presidente e embates com outros poderes, apresentou melhorias discretas. A parcela da população que declara “muita confiança” na Corte passou de 14% para 15% em 2024, enquanto 45% afirmam confiar “mais ou menos” ou “pouco”. Já o índice de desconfiança permanece em 37%, um acima do registrado em 2023 (36%), mas ainda abaixo do pico de 43% apresentado em 2021.
Justiça Eleitoral: confiança estagna em ano eleitoral
Na contramão da melhoria observada em algumas instituições, a Justiça Eleitoral viu sua taxa de desconfiança aumentar de 31% para 32% no ano das eleições municipais. Paralelamente, uma parcela da população que declara “confiar muito” na instituição recuou de 25% para 23% no mesmo período.
Análise geral: panorama misto com desafios e tendências em diferentes setores
Os dados da pesquisa “A Cara da Democracia” revelam um panorama misto em relação à confiança nas instituições brasileiras em 2024. Enquanto algumas instituições, como as igrejas, demonstram estabilidade em patamares relativamente altos, outras, como os partidos políticos, permanecem em níveis preocupantemente baixos. O Congresso Nacional, por sua vez, apresenta uma melhoria gradual na percepção pública, ainda que a desconfiança continue significativa. Já as Forças Armadas retomam, timidamente, a confiança perdida em 2023, enquanto o STF oscila em meio a um cenário de ataques e debates políticos. Por fim, a Justiça Eleitoral enfrentou um nível de declínio na confiança, especialmente em ano eleitoral.
Considerações finais: importância do acompanhamento e da reflexão
A análise dos dados da pesquisa “A Cara da Democracia” oferece subsídios profundos para a compreensão da percepção pública sobre as instituições brasileiras. É fundamental acompanhar a evolução desses indicadores ao longo do tempo, a fim de identificar tendências, analisar os fatores que influenciam a confiança da população e promover o debate público sobre o tema. Afinal, a confiança nas instituições é pilar fundamental para a consolidação da democracia e o bom funcionamento do Estado.