Câmara Municipal de São Paulo lança Bancada de Direitos Humanos
É uma resposta a avanço da extrema direita
São Paulo, 16 de abril de 2025 — Após meses de articulação entre movimentos sociais e vereadores progressistas, a Câmara Municipal de São Paulo oficializou, na noite desta segunda-feira (15), a criação da Bancada de Direitos Humanos, uma frente parlamentar que surge como contraponto às pautas conservadoras e de extrema direita que dominam parte do debate político nacional.

A iniciativa partiu de diálogos entre mais de 100 entidades ligadas à defesa de direitos fundamentais e vereadores de partidos como PT, PSOL, PSB e PSD, sob coordenação do sempre ativista Antonio Funari, figura central nas discussões. O vereador Nabil Bonduki (PT) lembrou que a ideia foi proposta ainda em setembro de 2024: “O Funari me trouxe essa proposta como uma necessidade urgente diante do cenário de ataques aos direitos sociais”, afirmou em seu momento de fala para mais de 300 pessoas presentes.
O lançamento ocorreu no Salão Nobre da Câmara, conduzido pela vereadora Luna Zarattinni (PT), líder da bancada petista e presidente da Comissão de Direitos Humanos da casa. O evento contou com a presença da deputada federal Érica Hilton, dos deputados estaduais, Eduardo Suplicy (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (ALESP), e Emídio de Souza (PT), além de representantes de movimentos sociais.
Memória e resistência
Em dois momentos solenes, os participantes fizeram um minuto de silêncio: primeiro, em homenagem a Grenaldo de Jesus da Silva e Denis Casemiro, vítimas da ditadura militar; depois, para lembrar Dom Angélico Sândalo Bernardino, bispo emérito conhecido por sua atuação em defesa dos direitos humanos, sendo aplaudido pelos presentes.
Violência policial interrompe ato
O clima de celebração foi abalado quando os participantes souberam que manifestantes da Favela do Moinho, que protestavam pacificamente em frente à Casa do Povo por moradia, haviam sido atacados com bombas e gás de pimenta pelo Batalhão de Choque. Inicialmente, apenas metade do grupo foi autorizada a entrar no local, mas, em solidariedade, todos decidiram se retirar para evitar riscos.
Próximos passos
Durante o ato, foi anunciada a criação de um Fórum Permanente de Direitos Humanos e a proposta de expandir o modelo da bancada para outras cidades e estados, fortalecendo a pauta em nível nacional. “Queremos que essa seja uma semente para todo o Brasil”, declarou Zarattinni.
A bancada promete atuar em temas como moradia, segurança pública, combate ao racismo e à LGBTfobia, além de enfrentar retrocessos em políticas sociais. O desafio, no entanto, será garantir espaço em um legislativo cada vez mais polarizado.