E por falar de Samba: As novas promessas que o Samba produz!
Ultimamente temos muitas criticas as modernidades que se impõem ao nosso Velho Samba! Como se fosse o Natal ou Ano Novo, sempre tem alguém sugerindo uma roupa nova, um look no visual, ou coisa pra agradar ou atender os novos tempos, eu diria o mercado!
Hoje quero falar sobre mestres de Bateria, ou apitador, como se chamava nos velhos tempos, naquela época em que eu estava começando, 1963, os apitadores da Escola da Escola de Samba Falcão do Morro Itaquerense, eram sr. Neguita e Cobrinha, apendi com eles, antes disso na Nenê da Vila Matilde, era Sr, Nicolau, o apitador, depois Mestre Lagrila, na Primeira do Itaim, o apitador era o Arnaldinho, hoje Embaixador, naquela época, nenhum desses tinham o titulo de “Mestre” mas pelo menos, para ser considerado um bom “batuqueiro”, ou apitador, tinha que pelo menos saber afinar seu instrumento, e na faze de aprimoramento, conhecer a técnica de encorar instrumentos, naquela época, todos os instrumentos eram de couro! Tínhamos que esperar um dia de Sol, ou então fazermos uma fogueira, para dar o tom nos instrumentos. Então os mestres de hoje que me perdoem, se tiver alguém que sabe encorar os instrumentos me avisem. Na minhá época, era assim!
Tocar na Bateria de um desses apitadores “Mestres” era um privilégio, além de ter que ser um bom “batuqueiro”. Eu tive meu momento de gloria, quando em um ensaio da “Nenê da Vila Matilde”, tive a oportunidade de tocar na bateria, comandada pelo “Mestre Divino” e sendo observado de perto pelo seu “Nenê”. Como ele não me chamou de “banzo” me senti aprovado e privilegiado, mas logo ele me passou uma missão, que era a de ajudar o Carnaval de Itaquera, e a Escola do Bairro, e não querer sair lá na Nenê, que já tinha muita gente! E com o entendimento de “seja feita a vossa vontade”, parti para minha nova missão, determina pelo Seu Nenê!
Toda essa argumentação, e para entendermos como se passam as mudanças atualmente, que desqualificam os padrões de qualidade, nas batidas das Escolas, que antigamente eram conhecidas a quilômetros de distancia, pelo ritmo que empunham, por exemplo: A Impéri do Cambuci, era conhecida pela batida dos “tamborins” a Unidos do Peruche, pela batida das “Caixas”, a Nenê, pelo corte do “contra surdo” e a batida das “caixas” na qual ouvi o mestre Divino, fazendo uma explanação, dias atrás, sobre as diferenças nas batidas de caixas, pouca gente conhece a “métrica” da batida do surdo de terceira, da vila, ou surdo de corte, a as suas sequencias, que davam aquele balanço gostoso ao samba, ou a “Batucada de Bambas”! Mas ai alguém resolveu acabar com isso, e teve alguém que concordou, uma pena!
Mas, nem tudo esta perdido! Tenho apreciado o trabalho de 3 jovens “mestres” que nos dão gosto e prazer de ouvi-los, e que são as grandes novidades no moderno Século XXI, O primeiro e Mestre “Pele” da Leandro de Itaquera, o segundo é Mestre Alexandre, da “Primeira da Líder, e o terceiro e Mestre Denis, da Mocidade Unida da Mooca!
O Primeiro, o jovem Fernando ou “Mestre Pelé”, conheci com 4 ou 5 anos de idade, brincando no pátio dos prédios da cohab II, onde morava o “Marrom” nem imaginava ser “Sambista”, sua Mãe, era fã da “Camisa Verde e Branco” não perdia um desfile. O “Pelezinho”! Começou a frequentar a “Leandro” com sua irmã, levado pela família do Marrom, saindo na ala das crianças, mas já com tendências na “bateria” logo depois começou na ala mirim da bateria, e foi galgando espaços com sua disciplina, entre os “batuqueiros” da Escola, e aproveitando as oportunidades que lhe eram cedidas, chegou aonde esta!
Quando foi convidado para assumir a direção de bateria da Leandro de Itaquera, me enchi de alegria, e torci muito por ele, pois era mais um de nossa “escolinha”, o que graças ao bom trabalho, deu Certo!
O Segundo, é o Mestre Alexandre, também cria da “Leandro de Itaquera” esse eu conheci, na “barriga da Mãe”, “Nega Mariza”, filho de Mestre Alexandre “Xandão” já nasceu grande, e eu o apelidei de “Pirulão”, começou na ala das crianças da Leandro, e sempre seguindo o pai que era diretor de bateria, começou a se dedicar ao “ritmo” desde pequeno, acompanhando o “velho” em suas caminhadas, esteve circulando pelas escolas do Rio de Janeiro, ate que em fim chegou o grande convite: Assumir a direção de bateria da Escola de Samba Primeira da Líder! Naturalmente, com o acompanhamento dos Pais, e o apoio e o conhecimento dos velhos amigos e batuqueiros, o jovem foi se firmando e fazendo um excelente trabalho contando com outros jovens da comunidade, conseguiu traduzir seu trabalho em “Batucada de Primeira”!
O terceiro, ´o Mestre Dennis, da MUM, que conheço pouco, mas que sua história tem muito valor, pela seriedade, com que faz o seu trabalho, tem domínio entre os ritmistas
, capacidade de improvisação, em perfeita sintonia, com a Ala de Compositores, fico sempre extasiado, quando começa os ensaios e sua bateria começa a tocar, sua precisão, e uma cadencia que da gosta de se sentir sambista. Convido a vocês a partilharem esse sentimento comigo, presencialmente nos ensaios que ocorrem aos domingos na Quadra da Mocidade Unida da Mooca, a partir das 18h, embaixo do Viaduto Besser, na Radial Leste.
Assim, Mestre “Pele”, Mestre Alexandre, e Mestre Dennis, são exemplos de que nem tudo está perdido, me desculpem se tiverem outros novos atores, mas costuma falar de onde frequento, para não ser injusto!
Axé!
Gilson Negão, Embaixador do Samba, Cidadão Samba, e Cidadão Paulistano.
Tombado como Património imaterial da Cultura, pela lei 16.913, da Deputada Leci Brandão!