Uma MESA para a democracia brasileira

Os brasileiros têm dezenas (quem sabe centenas) de milhares de núcleos de ativismo social e político, de todos os tamanhos, com os mais variados objetivos, voltados para as demandas do nosso povo, do ponto de vista progressista.

É uma imensa força de ativismo, mas que não tem agendas comuns de lutas. É necessário, portanto, trabalhar para unir e multiplicar as agendas comuns. Do contrário, nosso formato (e atuação) continuará sendo o de um monstrengo que não consegue se enxergar em sua real dimensão. No trabalho contínuo de articulação, esse monstrengo pode se tornar um gigante, capaz de agir com eficácia na defesa da democracia e dos interesses da população.

Como fazer a transformação? Nossa proposta (Da RedeD[i]) é que núcleos e centros do ativismo político e social progressistas no Brasil entrem de acordo, por meio da prática das lutas sociais no cotidiano e da realização de rodadas progressivas da MESA – temáticas ou multitemáticas –, em um processo contínuo de crescimento, conhecimento mútuo e criação de confiança necessária para a atuação conjunta. Assim, as lutas comuns poderão se fortalecer, ampliando as vitórias nas lutas populares e progressistas de todos, no Brasil.

Como será essa MESA?

O que motiva a convocação das rodadas da MESA são temas ligados à conjuntura política, social e econômica do país. Trata-se, portanto, de um fórum com encontros seguidos (a maior ou menor constância das rodadas da MESA dependerá da ‘temperatura’ da conjuntura política), em que a palavra é dada a quem tem propostas e argumentos para defendê-las, assim como a disposição de ouvir as propostas e argumentos dos demais.

A MESA DA DEMOCRACIA funciona na busca de consensos. Não havendo consenso sobre uma pauta, esta permanece em debate. Ou, então, é levada adiante por uma parte dos participantes. Tomar um ou outro desses dois caminhos dependerá do amadurecimento do debate, do peso de tal questão na conjuntura e das forças que se conseguir reunir. O que não deve impedir que as partes discordantes se manifestem.

Há dois núcleos de consensos a serem buscados. Um é o da defesa da democracia tal qual existe atualmente no Brasil. Uma democracia em que boa parte das instituições existentes estão voltadas para garantir privilégios e não para atender as demandas das grandes parcelas desfavorecidas da população. Contudo, não se pode duvidar da necessidade da defesa dessa democracia. Trata-se da luta contra os diversos tipos de autoritarismo. São consensos que colocam em destaque as liberdades e a necessidade de impedir o retrocesso.

Um outro núcleo é o da busca de consensos no sentido do alargamento e aprofundamento da democracia, rumo às garantias, no cotidiano dos brasileiros, do respeito aos direitos humanos e à preservação do Planeta. Até quando a convivência entre os diferente é e será possível nas rodadas da MESA DA DEMOCRACIA é algo que depende das condições políticas de cada momento, assim como da atuação e da sabedoria dos participantes.

Mesmo não havendo um consenso geral, cada rodada da MESA DA DEMOCRACIA servirá, sempre, para que os participantes tomem a ‘temperatura’ em relação ao maior (ou menor) grau de concentração de interesses, da adesão e do empenho dos participantes em relação a cada pauta.

Flexibilidade e firmeza para manter a continuidade

Para que a MESA DA DEMOCRACIA aconteça e se afirme, será necessário formar um grupo importante dos participantes afinado com os seus objetivos. Um grupo que consiga atuar em sintonia. Assim, havendo maiorias e minorias ocasionais, esse grupo deve operar para evitar a ocorrência de ‘rachas’, xingamentos e ‘cadeiradas’. A RedeD está, desde o início, comprometida com os objetivos da MESA e com tal método de atuação.

Partimos da compreensão de que haverá, sempre, organizações, movimentos e outras figuras organizativas que podem não ‘embarcarão’ em determinada ação. Por discordância, falta de condições específicas ou qualquer outra razão. O que não quer dizer que deixarão a MESA. Ou que sejam contra a democracia (se forem, estarão em local errado). Assim, pode ser que tais organizações/movimentos não embarquem na presente pauta. Contudo, podem vir a fazê-lo em uma outra ação, adiante.

Como funcionará?

Até este momento, houve duas rodadas da MESA (assista aqui a vídeos sobre as rodadas do Clima, cidades e eleições municipais – a primeira – e da Fome e Desnutrição em São Paulo – a segunda). Há outras em preparação. O sentido é menos o de um espetáculo transmitido ao vivo, do tipo live ou debate, e mais o da articulação e busca de consensos para a ação.

Haverá uma secretaria para:

1 – Moderar as reuniões;

2 – Cuidar do mailing, das convocações e da infraestrutura das reuniões e de comunicação;

3 – Fazer as atas e armazenar (textos; vídeos etc.) de cada rodada da Mesa.

As despesas para a manutenção da secretaria serão cotizadas pelas entidades/ movimentos/organizações participantes.

 

O papel da RedeD e quando será a primeira reunião organizativa

Por enquanto, a responsabilidade pela convocação e organização das rodadas da MESA DA DEMOCRACIA foi da RedeD. Adiante, quando estiverem reunidas as condições políticas para tanto, deverá haver uma rodada específica para tratar da organização da MESA, de tal forma que ela se torne autônoma, baseada apenas na força e na diversidade de seus participantes.

A rodada em preparação, para o primeiro semestre de 2025, é sobre a Comunicação para a Democracia.  Ela está sendo preparada ao longo de alguns meses. Outras poderão ocorrer, dependendo do interesse dos movimentos sociais brasileiros.

São Paulo, 20 de novembro de 2024 – Coordenação da RedeD.

[i]      Entre em contato: rededemocracia08@gmail.com  Visite-nos: https://linktr.ee/rededemocracia

Integram a RedeD: Associação Engenharia pela Democracia (EngD); Coletivo Digital; Coletivo Paulo Freire; Comissão Justiça de Paz de São Paulo; Confederação Nacional dos Trabalhadores Liberais Universitários Regulamentados (CNTU); Frente Inter Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz; Instituto de Desenvolvimento Sustentável do Nordeste Brasileiro (IDENE); Instituto Sílvia Lane; Movimento Geração 68 Sempre na Luta e O Candeeiro.