O futuro chegou e pode acabar
Elevação do nível do mar, desertificação de diferentes áreas nos cinco continentes, furacões mais intensos, queimadas nas florestas, derretimento de geleiras, enchentes e secas cada vez mais agressivas, aumento da temperatura média do planeta, risco de extinção de diferentes espécies animais e vegetais, perspectiva de falta de alimentos e escassez de água – eis algumas novas imagens que cada vez mais povoam a televisão, os jornais e o cinema. Nos últimos tempos, essas notícias chegam quase que diariamente, como vimos no Havaí, Canadá, Europa com fogo destruindo florestas e cidades por causa da seca.
Segundo o Relatório Síntese do IPCC – Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, divulgado em 2023, há evidências de que as mudanças climáticas já estão afetando a vida negativamente das sociedades e o funcionamento dos ecossistemas. O aquecimento global em torno de 1.1°C resulta em eventos climáticos extremos, de forma cada vez mais frequente e mais intensa. Eles colocam em risco não somente a natureza, mas também a vida humana. Ou seja, a previsão para a primeira metade da década de 2030 de uma temperatura aumentada em cerca de 1.5°C, já foi revista.
Isso significa dizer que a urgência de ações para diminuir ou zerar os gases do efeito estufa aumentou e a janela de tempo se estreitou para evitar grandes impactos socioeconômicos na sociedade em primeiro lugar e, desastres que colocam em risco a vida do planeta.
Brasil
O desmatamento da Amazônia caiu pela metade de janeiro a junho deste ano, mas no acumulado é o quarto maior índice desde 2008. O ideal é zerar o desmatamento.
A Cúpula da Amazônia teve, pela primeira vez a presença de representantes dos oito países da região (Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela), na cidade de Belém, no Pará. Na ocasião, foram abordadas as políticas públicas da região amazônica e o fortalecimento da Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia (OTCA). Os resultados não foram animadores, sem metas e tempos determinados para o desmatamento zero, por exemplo. Mas, para vários ambientalistas e economistas, o Brasil poderá ser a grande liderança ambiental mundial, se conseguir o desmatamento zero na Amazônia. Afinal, hoje, 50% das emissões brasileiras são provenientes do desmatamento.
Em entrevista, o climatologista Carlos Nobre é direto: “Se não frearmos o desmatamento e a depredação na Amazônia agora, chegaremos ao ponto de não retorno, quando a floresta virará uma grande savana”. Entrevista completa Abaixo no G68 Entrevista .
É de tirar o sono e os dados demonstram que o sul da Amazônia, que vai do oceano Atlântico até a Bolívia, está com alto índice de mortalidade de árvores e já registra 2 milhões de m2 de área degradada – desmatada. Isso está aumentando a incidência de secas prolongadas. “Estamos à beira do precipício. É necessário parar com as queimadas provocadas pelo agronegócio e a retirada de árvores nativas para comércio de madeira. É urgente zerar o desmatamento e tentar reflorestar parte da Amazônia”, regista Carlos Nobre.
Como chegamos nessa calamidade tão rapidamente. Entre 2019 e 2022, anos do governo de Bolsonaro e sua política de negacionismo ambiental, a área derrubada atingiu mais de 35 mil Km2, maior que Sergipe e Alagoas juntos, um aumento de 150% maior do que o mesmo período anterior.
Dados do Instituto Socioambiental registram o maior desastre ambiental no país durante o período do ex-presidente, agora inelegível, com um aumento de 94% de desmatamento em áreas federais. As principais causas foram o desmonte de órgãos de gestão ambiental – ICmBio, IBAMA – a paralisação da demarcação de terras indígenas, gestão de Unidades de Conservação, reconhecimento de áreas de Quilombolas e a paralisação de fiscalização em áreas protegidas, como descobrimos recentemente nas terras Yanomami.
O desafio é enorme. Mas temos tecnologia, os satélites enxergam uma árvore cortada, as imagens têm resolução de três metros, sistemas de monitoramento são capazes de cruzar dados e pegar o desmatamento no primeiro dia e enviar bombeiros para apagar os incêndios antes que se alastrem, além de queimadas controladas em tempos de seca extrema. Flagrar o crime não é o problema. Podemos identificar garimpos ilegais e madeiras sendo transportadas. Basta a PF e o exército fazerem seus trabalhos.
O que é necessário é uma política ambiental séria. Fiscalização eficiente, demarcação do maior número possível de terras indígenas e de unidades de conservação, incentivos aos municípios que aplicarem leis contra o desmatamento, reflorestamento entre outros.
E nós? O que podemos fazer?
1. Consumo consciente.
Fortaleça as redes de apoio.
Aprenda com os povos da floresta.
Incentive o reflorestamento.
Recicle
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