Fome Nunca Mais
Por Cecilia Cavalcanti
Jornalista RedeD
O Brasil enfrenta uma crise alimentar gravíssima. Por isso, a Rede Democracia está nessa luta e vai se juntar a vários parceiros para incentivar e participar de fóruns locais de combate à fome e divulgar todas as iniciativas institucionais ou governamentais.
Na Copa do Mundo do México em 1970, o Brasil se tornou tricampeão mundial, embalado pela marchinha “90 milhões em ação”, número da população do país. Hoje, esse número representa os brasileiros que vivem em insegurança alimentar.
Os dados mais recentes da pesquisa da ONU, o país tem de 21 milhões de famintos (que não têm o que comer todos os dias), 70,3 milhões de subnutridos (insegurança alimentar). São mais de 90 milhões de brasileiros que não fazem pelo menos três refeições decentes por dia. No mundo todo, são 735 milhões de pessoas passando fome e 2,3 bilhões em situação de insegurança alimentar.
E o que os brasileiros comem? A pobreza – mesmo com assistências como o Bolsa Família e outros programas – não significa que as pessoas estejam consumindo nutrientes suficientes para uma vida saudável. Ou seja, não basta ingerir 2500 calorias diárias de quaisquer alimentos. Uma dieta rica em açucares, gordura ou ultraprocessados só agravam os problemas de saúde que lotam hospitais e abreviam o tempo produtivo do indivíduo.
Para reduzir a fome aberta (subnutrição) e a fome oculta (deficiências de determinados nutrientes), teremos que lidar com a questão do acesso aos alimentos, combinando com a qualificação desta alimentação. Ou seja, para além dos programas do Governo – Bolsa Família e incentivos à agricultura familiar, responsável pelo cultivo de alimentos saudáveis – a sociedade civil deve se unir para conter a crise.
Nos últimos três anos, durante a Pandemia, quase 1,5 milhão de brasileiros entraram para o mapa da fome, muito pela falta de acesso aos postos de distribuição de alimentos, agravado pela péssima gestão governamental da época.
A recuperação das economias e condições gerais de vida saudável não é igualitária nem mesmo num mesmo país. Enfrentamos guerras, mudanças climáticas e políticas que não focam nos direitos humanos básicos, empurrando ainda mais pessoas para mais longe da segurança alimentar.
O Programa Mundial de Alimentos (WFP) registra que o mundo continua a produzir alimentos suficientes para alimentar toda a população mundial e, sem dúvida, o Brasil é um grande produtor de alimentos. Entretanto, políticas públicas equivocadas dificultam a reversão dessa triste realidade.
Há mudanças sendo feitas e é necessária a atuação da sociedade civil para que as políticas sociais, principalmente as que envolvam a agricultura e o meio ambiente, sejam implementadas o mais breve possível.
A RedeD se une a vários parceiros e entra nessa luta!